É impressionante como podemos ler e estudar tanto sobre o assunto e ainda haver terras misteriosas a desvendar. Essa semana comecei a fazer terapia. Em meu primeiro encontro com a minha psicóloga, uma mulher negra, descobri a Boneca Abayomi.
Da história por trás do nome
Com um nome originado em Iorubá, o seu significado é “encontro precioso”. Caracteriza uma boneca negra que “traz felicidade ou alegria”.
Durante as viagens a bordo de tumbeiros (que transportavam negros escravizados entre África e Brasil), as mulheres rasgavam retalhos de suas saias e faziam bonecas, usando tranças ou nós, para acalentar seus filhos.
O objeto servia assim como um amuleto de proteção. As bonecas não possuem demarcação de olho, nariz ou boca, possibilitando assim o reconhecimento de diferentes etnias africanas.
Do legado para o hoje
Esse tema surgiu durante a sessão porque debatíamos como esse nosso encontro, marcando o início de uma jornada de acalento e cura, era precioso. Desse modo era um encontro que buscava sim trazer felicidade, ganhando para mim um novo significado.
Desde que decidi que iria começar a fazer terapia, em todos os momentos pensei que seria com uma psicóloga negra. Era disso que eu precisava e é isso que condiz com a minha filosofia de vida hoje. E esse encontro se mostrou exatamente como tudo o que pensei que seria, um encontro de histórias que se reconhecem.
A boneca Abayomi é um símbolo de resistência e força. Foi iniciado pelas nossas ancestrais há séculos, e se derramam em nossas vivências até hoje.
Neste Dia da Consciência Negra, que esse legado seja fortalecido em nossos corações e em nossas vidas. Que cultivemos encontros preciosos, que nos permitam fortalecer uns aos outros, porque é isso o que temos feito enquanto comunidade.
Pessoas cujos rostos desconhecemos seguem nos fornecendo motivos para continuar a lutar, a viver e a ser, em meio a um cenário ainda marcado por tanta dor.
Foto em destaque retirada do site Afreaka.